Fédon

Diálogo platônico sobre a imortalidade da alma. Fortemente impregnado de pitagorismo: preexistência das almas, escatologia, matematismo. Maior desenvolvimento da teoria das Ideias. Fédon, enquanto discípulo e seguidor de Sócrates, fundou a escola de Elida.

Platão: Mito da Metempsicose

c) O «Fédon» e a metempsicose (80 e): Uma tradição órfico-pitagórica inspirou provavelmente este mito. As almas puras vão, depois da sua morte, passar o resto do tempo na companhia dos deuses; mas as almas impuras, pesarosas pelo corpo com o qual partilharam a sua existência ao serem escravas das exigências deste, vagueiam até ao momento em que encontram um corpo no qual se vão encarnar conforme os desejos que as animam.

Platão: Mito da Escatologia

4. A escatologia. — Já encontramos um mito escatológico no Fédon, associamo-lo aos mitos do cosmo porque estava junto com uma descrição das três terras, acabando numa topologia das moradas subterrâneas onde são julgadas as almas. Encontram-se outros mitos escatológicos na obra de Platão; todos os temas da metempsicose, tão apreciados pelos mistérios e pelos pitagóricos1

A Alma e a Morte

Recolhemos no Fédon, a tentativa de definir a alma como ser imortal (athánaton) e indestrutível (anôlethron) (107a), podendo separar-se do corpo e sendo-lhe superior no conhecimento da verdade dos seres (65b-d); ela é anterior ao corpo, portanto autônoma até que tome forma humana - e entre no discurso imagético da geração - (73a,76e); é uma existência, uma ousía (78d) que se assemelha à forma invisível (79b), tem movimento, participa do uno (81c,84b) e seu pâthos perfeito, se não houvesse a mistura com outras naturezas, é o pensamento (phrónêsis), indício de sua proximidade com o divino (79

Noção de alma na Grécia do século IV aC

Na bagagem cultural que envolve a noção de alma no século IV aC, Platão tem à disposição algumas representações, ou seja, a alma como algo constituído de certa materialidade pouco visível, ou ainda, como entidade imaterial, invisível e autônoma, por vezes considerada superior ao corpo e aprisionada nele por um tempo, esvaindo-se ou permanecendo após a corrupção do soma.

Abstração

Submitted by mccastro on Mon, 30/04/2012 - 11:09

No Fedon, Platão desenvolvendo o tema do conhecimento pela reminiscência, recorre à questão da igualdade ou da igualidade de coisas observadas como alcançada pela abstração do observado pelos sentidos, em articulação com a reminiscência da alma.

Fédon (trad. em português)

Versão eletrônica do diálogo platônico “Fedão”

Tradução: Carlos Alberto Nunes

Créditos da digitalização: Membros do grupo de discussão Acrópolis (Filosofia)

A estrutura do texto, que adotamos abaixo, segue aquela da tradução de Léon Robin, publicada pela Bibliothèque Pléiade.

Platão: Mitos da Alma

1. A origem da alma. — As almas, já o vimos, nasceram de uma separação da Alma do Todo que o demiurgo pôs no mundo (Timeu, 41 d). A alma é algo de quase divino, que existia antes mesmo do momento em que nos tornamos homens (Fédon, 95 c), por isso podemos dizer que o homem é uma «planta celeste» (Timeu, 90 a).

Platão: Mitos do Cosmo

(Excertos de Jean Brun, "Platão")

1. A construção do mundo. — É a este tema que é dedicado o Timeu, que Brunschvigc chama um «romance físico». Neste diálogo surgem muitos temas pitagóricos, a ponto de, desde a Antiguidade, correr uma lenda, relatada por Diógenes Laércio, segundo a qual Platão teria aproveitado uma viagem ao Egito para comprar a preço de ouro escritos secretos de Pitágoras e do seu discípulo Filolau, que teria depois plagiado no Timeu.