Filebo

Diálogo platônico sobre o prazer e o bem. Filebo vive uma vida de extremo hedonismo, desprovida de razão e pensar, que não sustenta qualquer conversa sobre ela e não se submete à reflexão. Tanto que no meio do diálogo Filebo se cala. Os princípios da ética (como viver melhor) se conectam com princípios de metafísica e lógica exercendo demandas lógicas sob um apelo ético.

Filebo

Philebus ou Filebo

Sobre o prazer e o bem. Filebo vive uma vida de extremo hedonismo, desprovida de razão e pensar, que não sustenta qualquer conversa sobre ela e não se submete à reflexão. Tanto que no meio do diálogo Filebo se cala.

Os princípios da ética (como viver melhor) se conectam com princípios de metafísica e lógica exercendo demandas lógicas sob um apelo ético.

Comentários de Werner Jaeger, ao Filebo

O Filebo é dentre as obras de Platão aquela em que se investiga de forma mais sistemática o problema aqui proposto: se é o prazer ou a razão o bem supremo. Mas nem sequer ali se chega no fim a qualquer definição do que é o Bem. O que se faz é apenas deduzir três das suas características: a beleza, a simetria e a verdade22, para à luz destes critérios decidir-se qual dois dois — o prazer ou a razão — se aproxima mais relativamente do Bem. (Werner Jaeger, PAIDEIA)

Filebo 66d-67b — Epílogo

XLII – Sócrates – Neste ponto façamos nossa terceira libação a Zeus salvador, com a recapitulação e o testemunho de nosso próprio discurso.

Protarco – Que discurso?

Sócrates – Filebo afirmou que o bem não era mais do que o prazer em todas as suas manifestações.

Protarco – Pelo que vejo, Sócrates, tua recente afirmativa equivale a dizer que precisamos recomeçar a discussão pela terceira vez.

Filebo 66a-66d — Gerações do Bem e sua hierarquia

Sócrates – Então, Protarco, proclamarás a todos, por meio de mensageiros, ou de viva voz para os presentes, que o prazer não é o primeiro dos bens, nem mesmo o segundo, mas que o primeiro é a medida e o que for moderado e oportuno, e o mais a que possamos atribuir qualidades semelhantes concedidas pela natureza.

Protarco – É o que será lícito concluir do que dissemos antes.

Sócrates – O segundo bem é a proporção, o belo, o perfeito, o suficiente e tudo o que faz parte da mesma família.

Protarco – Pelo menos, assim parece.

Filebo 65a-66a — Cada fator se aparenta mais à sabedoria que ao prazer

XLI – Sócrates – E agora, não há quem não possa julgar com competência acerca do prazer e da sabedoria, para dizer-nos qual dos dois é parente mais chegado do soberano bem e mais estimado pelos homens e pelos deuses.

Protarco – Não há dúvida; mas o melhor será levarmos a discussão até o fim.

Sócrates – Então, consideremos em separado a aquelas três coisas, em relação com o prazer e a inteligência, para sabermos a qual dos dois atribuiremos cada uma delas, segundo o maior ou menor grau de parentesco.

Protarco – Referes-te à beleza, à verdade e à simetria?

Filebo 64c-66d — Três fatores constitutivos do Soberano Bem

Sócrates – E se declarássemos que nos encontramos agora no vestíbulo da casa do bem, teríamos falado com muita propriedade.

Protarco – É também o que eu penso

Sócrates – Qual diremos que seja o elemento mais precioso de nossa mistura, causa de tornar-se semelhante constituição desejada por todos? Depois de o descobrirmos, decidiremos se sua presença no todo universal tem mais afinidade natural e parentesco com o prazer ou com a inteligência.

Protarco – Certo; isso será de muita utilidade para nossa decisão.

Filebo 62d-64b — Escolha a fazer entre os prazeres

XXXIX – Sócrates – Sendo assim, soltemo-los. E agora, voltemos para a fonte dos prazeres. Não nos foi possível, tal como tencionávamos fazer no começo, misturar primeiro as porções verdadeiras de cada uma das partes; dado o alto conceito em que temos os conhecimentos, deixamos que entrassem todos de uma vez, sem discriminação e antes dos prazeres.

Protarco – Só dizes a verdade.

Sócrates ? Então chegou a hora de confabularmos acerca dos prazeres e decidir se permitiremos entrada franca para todos, ou se no começo só aceitaremos os verdadeiros.

Filebo 61d-62d — Condições e reservas para o saber na mistura

Sócrates – Antes de mais nada, responde-me ao seguinte: se juntarmos a toda a sabedoria todas as espécies de prazer, não há bastante probabilidade de alcançarmos a mistura ideal?

Protarco – Talvez.

Sócrates – Mas não é muito seguro. Penso que me encontro em condições de apresentar um plano de mistura isento de qualquer perigo.

Protarco – Dize qual seja.

Sócrates – Já não encontramos prazeres que se nos afiguram mais verdadeiros do que os outros, e também artes mais exatas do que outras?

Protarco – Sem dúvida.

Filebo 61a-64b — A vida mista, mistura de sabedoria e de prazer

Sócrates- Então, nenhum dos dois é o bem perfeito e desejável e universalmente aceito como tal.

Protarco – Sem dúvida.

Sócrates – Precisamos, pois, formar uma ideia clara do bem, ou, pelo menos, uma imagem aproximada, para saber, conforme declaramos há pouco, a quem conceder o segundo lugar.

Protarco – É muito justo.

Sócrates – Mas já encontramos um caminho que nos levará ao bem.

Protarco – Qual é?