aition

gr. aítion (ou aitía): culpabilidade, responsabilidade, causa. O conhecimento de uma coisa, qualquer que seja, supõe que se possa lhe atribuir uma causa, cuja definição permitirá não somente explicar porque esta coisa é o que ela é, mas ainda compreender porque esta coisa é o que ela é, o que é sua razão de ser. (Luc Brisson)

Taylor: Ciência

SCIENCE. This word is sometimes defined by Plato to be that which assigns the causes of things; sometimes to be that the subjects of which have a perfectly stable essence; and together with this, he conjoins the assignation of cause from reasoning. Sometimes again he defines it to be that the principles of which are not hypotheses; and, according to this definition, he asserts that there is one science which ascends as far as to the principle of things.

Fédon 99d-102b — A descoberta de Sócrates

De seguida, continuou, já cansado de considerar as coisas, houve que era preciso precatar-me para não acontecer comigo o que se dá com as pessoas que observam e contemplam o Sol quando há eclipse: por vezes perdem a vista, se não olham apenas para a imagem dele na água ou nalgum meio semelhante. Pensei nessa possibilidade e receei ficar com alma inteiramente cega, se fixasse os olhos nas coisas e procurasse alcançá-las por meio de um dos sentidos. Pareceu-me aconselhável acolher-me ao pensamento, para nele contemplar a verdadeira natureza das coisas.

Fédon 97b-99d — A promessa de Anaxágoras

Ao ouvir, porém, certa vez alguém ler num livro de Anaxágoras – segundo dizia – que a mente é organizadora e causa de tudo, fiquei satisfeitíssimo com semelhante causa, por parecer-me de algum modo, muito certo que a mente fosse a causa de tudo, tendo imaginado que, a ser assim mesmo, como coordenadora do Universo, a mente disporia cada coisa particular pela melhor maneira possível. Se alguém quisesse explicar a causa de como alguma coisa nasce ou morre ou existe, teria apenas de descobrir qual é a melhor maneira para ela de existir, sofrer ou produzir seja o que for.

Filebo 30c-31b — A inteligência pertence ao gênero da Causa

Sócrates – A não ser assim, melhor faríamos seguindo outra opinião, à qual já nos referimos tantas vezes, sobre haver muito infinito no universo, bastante finito, além de uma causa nada desprezível, que coordena e determina os anos, as estações e os meses, e que, com todo o direito, poderá ser denominada sabedoria e inteligência.

Protarco – Sim, com todo o direito.

Sócrates – Mas sem alma, não pode haver sabedoria nem inteligência.

Protarco – De jeito nenhum.

Filebo 26e-27c — A Causa

XIV – Sócrates – Mas também dissemos que, além desses três gêneros, havia a considerar um quarto. Ajuda-me a pensar. Vê se te parece necessário que tudo o que devém, só se forme em virtude de determinada causa.

Protarco – Sem dúvida; pois, sem isso não poderia formar-se.

Sócrates – E também não será certo dizer-se que o conceito de que se foram não difere de sua causa, a não ser no nome, sendo lícito afirmar que o agente e a causa são uma e a mesma coisa?

Protarco – Certo.

Filebo 23a-27c — Esclarecimentos à margem do problema principal

Sócrates – E agora? Não será melhor deixá-lo em paz, sem fazê-lo sofrer com nossa crítica rigorosa, para confundi-lo de todo?

Protarco – O que dissestes é o mesmo que nada, Sócrates.

Sócrates – Porque figurei um impossível, nisso de causar dor ao prazer?

Protarco – Não apenas por isso, mas por não levares em consideração que nenhum de nós te deixará sair antes de nos expores todas as implicações desse argumento.