Excertos de "O Timeu de Platão: mito e texto", por Rodolfo Pais Nunes Lopes
Qualquer diálogo de Platão, ou, em última análise, qualquer obra da Literatura Grega, exige, primeiro que tudo, um conjunto de observações preliminares que, de algum modo, a contextualizem e, simultaneamente, a introduzam. Porém, a delimitação dos vectores de análise a que essa obra pode ser submetida são de tal forma numerosos e díspares que seria impensável resumi-los a tão reduzido número de páginas, além de que uma tentativa dessa natureza correria seriamente o risco de redundar num exercício de diletantismo.
Conscientes, portanto, da necessidade de balizar os aspectos a ter em conta nesta secção preambular, consideramos necessário dividir essas observações em dois grupos distintos: aspectos extra-textuais (1.) e aspectos temático-estruturais (2.). No primeiro caso, o objectivo será discorrer brevemente sobre algumas questões de natureza histórica que se prendem com as circunstâncias em que o texto foi produzido e, posteriormente, tratado – literal e metaforicamente – até aos nossos dias, particularmente no que concerne à sua autenticidade (1.1), à data (1.2) em que foi redigido (data real de composição) e também à que a ação se reporta (data dramática); à posição do diálogo no cânone das obras de Platão (1.3 Cronologia absoluta) e no grupo daquelas com que forma uma secção desse cânone (1.4 Cronologia relativa); e, finalmente, à transmissão do texto e sua subsequente recepção (1.5). Quanto à segunda parte, dirigida ao texto propriamente dito, nela abordaremos apenas três aspectos que consideramos serem de fundamental importância para a sua compreensão e que, por razões óbvias, não poderão ser tratados na anotação que segue a tradução: a tradição em que o Timeu se inscreve (2.1), as personagens que nele participam (2.2) e, por último, a forma como os assuntos estão estruturados (2.3).
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